Como criar milhares de postos de trabalho e alimentar os cofres do Estado?
Seguramente por estarem mal informadas, as autoridades governamentais ainda não se aperceberam que, contrariamente aos jogos como os dos casinos, como o euro milhões, totoloto, etc., as apostas e as corridas de cavalos podem ser um importante pólo de desenvolvimento do País, criar milhares de postos de trabalho, favorecer grandemente a agricultura, ajudar a pesquisa cientifica, colaborar com a cultura, oferecer distracção sã aos cidadãos, enfim, proporcionar riqueza e contribuir para o prestígio de Portugal.
Enquanto sucessivos ministros dão volta à cabeça para descortinar como aumentar as receitas e combater o desemprego, aparentemente ninguém se lembra de um sector que pode perfeitamente servir os interesses do País: as corridas de cavalos com aposta mútua a nível nacional.
Para que não haja dúvidas sobre o que podem ser as apostas e as corridas de cavalos, em vez de paleio, optámos por fornecer alguns números elucidativos do que se passou em França o ano passado.
O total de 1.800 milhões de apostas realizadas pelos 6.550.000 clientes da empresa responsável pelas apostas (PMU), aumentou pela 7ª vez consecutiva (7,6% no último ano) atingindo uma receita anual de 7.560.000.000 euros (o que na nossa antiga moeda corresponde aproximadamente a 1.512.000.000 contos).
E a quem aproveitou esta colossal soma de 7.560 milhões de euros?
Como é evidente, a maior fatia foi distribuída aos apostadores que partilharam entre si 5.481 milhões de euros, sejam 72,5% das somas jogadas (2 jogadores ganharam o ano passado respectivamente 1.700.000 e 1.400.000 euros e 171 auferiram de mais de 150.000 euros).
Ao Estado foram dados mais de 1.000 milhões de euros, que recebeu sem obrigações, nem despesas, nem preocupações...
Mas o que mais relevância tem são os 516 milhões de euros que também foram para o Estado, mas destinados ao alargadíssimo sector equino. E aqui, o marcante é verificar que este importante ramo da agricultura se transforma no motor de uma actividade que emprega 59.000 indivíduos e faz viver 170.000.
Com efeito, além dos criadores, dos proprietários, dos cavaleiros, dos treinadores e dos jockeys, há uma imensidão de indústrias e de profissões que gravitam à volta das corridas: produção agrícola para a manutenção natural dos cavalos, rações, transportes, seguros, correeiros, laboratórios, produtos farmacêuticos, imprensa, televisão, veterinários, comerciantes de cavalos, leiloeiros, centros hípicos, construtores, manutenção dos hipódromos, etc.
Todas estas actividades movimentam enormes somas de dinheiro. Só os leilões de cavalos Puro Sangue Inglês mobilizaram o ano passado 35 milhões de euros (com um poldro de 18 meses comprado por 700.000 euros).
Sabendo que 40% dos apostadores são mulheres e que os franceses jogam em média só 9 euros (duas vezes menos que os ingleses e quatro vezes menos que os irlandeses), e tendo conhecimento que a aposta em corridas está longe de ser um exclusivo de uma elite e ao contrário é um jogo das massas, perfeitamente popular, a receita de 7.560 milhões de euros acima assinalada pode surpreender. É esquecer que a “máquina das apostas” está perfeitamente afinada, possuindo 8.530 locais em que se pode apostar de manhã ou de tarde (com uma capacidade de 1.500 transacções por segundo), além do telefone, da internet e da televisão interactiva (particularmente no canal especializado, Equidia).
Sem sonegar o principal, sejam as 17.179 corridas (em média 16 corridas por dia) organizadas por ano pelas 242 Sociedades de Corridas, sobre 252 hipódromos onde correm os cavalos de 12.200 criadores e 7.500 proprietários, que têm em treino 20.000 animais, para 2.000 treinadores e 4.300 jockeys.
Se tomarmos como exemplo o excepcional do Hipódromo de Chantilly, situado à borda das “Grandes Ecuries” dos Príncipes de Condé, ficamos a saber que só ele aloja 2.000 empregados e 2.500 cavalos, ocupa 1.900 hectares, possui 4 terrenos de treino, 12 quilómetros de pistas em areia e 120 hectares de pistas em erva.
E tudo representa grandes receitas para o Estado e muitos postos de trabalho...
Quantas empresas podem pretender a fazer o mesmo?
Mas, aproveitando o que era inimaginável apenas há 10 anos e que a informática hoje permite, o PMU foi mais longe e realizou acordos com os operadores de uns 20 países, que hoje podem aceitar apostas sobre as corridas em França, o que gerou 85.800.000 euros de receita. Os suíços, alemães, austríacos, polacos, etc., jogam e ganham como se fossem apostadores franceses.
Aqueles países não só souberam aproveitar o “savoir-faire” francês na especialidade da aposta mútua, como souberam beneficiar de compensações financeiras que lhes permitem desenvolver o sector equino e consequentemente a agricultura e a economia nacional.
Evidentemente, em contrapartida os apostadores franceses também podem jogar numa centena de grandes corridas estrangeiras, com a mesma facilidade que o fariam em hipódromos gauleses. Foi assim que em 30 de Outubro puderam jogar na Breeder’s Cup a jornada de corridas mais rica do planeta, com 14.000.000 de dólares de prémios. As corridas estrangeiras incluídas no programa francês do ano passado, contabilizaram 38.000.000 euros de apostas e 8.800.000 euros de venda de imagens e dados associados.
Mas há outros benefícios importantíssimos inerentes aos resultados da aposta mútua. Com efeito é necessário saber que além dos prémios distribuídos nas corridas e que atingiram 138.330.000 euros, são concedidos 21.250.000 euros de subvenção de ajuda aos criadores e 29.400.000 euros aos proprietários de cavalos, tudo num total de 188.980.000 euros. Números que nos deixam impressionados e sonhadores...
Mas as apostas ainda subsidiam outros sectores, além de tudo o que respeita a criação de cavalos e o desporto hípico (Federação, coudelarias nacionais, hipódromos, sociedades de corridas, associações, escolas, clubes, etc.). O Museu do Louvre está a ser beneficiado com a restauração de várias estátuas equestres, trabalho que começou em 2004 e deve terminar em 2006 ou 2007. Também patrocinado pelo PMU, o Centro Equestre da Academia de Versailles, que perpetua a tradição equestre do século de Luís XIV e está instalado nas Grandes Cavalariças do Palácio, é um centro de formação internacional, que ensina a equitação, que cria e promove espectáculos. O mesmo acontece com o Mécénat Chirurgie Cardiaque Enfants du Monde, que permite às crianças de qualquer país do globo que sofram de malformações cardíacas de serem operadas em França. Enfim, muitas outras ajudas financeiras são ofertadas a outras entidades, como foi o caso do dom presenteado às vítimas do tsunami.
E tudo graças às corridas de cavalos...
Evidentemente, nós portugueses não nos podemos comparar com a dimensão nem com a população da França e não podemos pretender obter com as apostas uma receita anual de 7.560 milhões de euros, nem nos podemos equiparar com os proveitos da poderosa Grã-bretanha cujas apostas totalizam 14.500 milhões de euros, nem com o recordista Japão que encaixa 25.600 milhões de euros. Mas podemos reparar em países com uma dimensão populacional inferior à nossa: na Irlanda as apostas totalizam 2.150 milhões de euros e na Suécia atingem a soma de 1.200 milhões de euros. Quantas indústrias podem pretender a estes números?
Sem esquecer que existem várias empresas estrangeiras especializadas e com provas dadas, que se prontificariam a financiar a 100% a construção, em terras portuguesas, de um ou dois grandes hipódromos, a implantar e organizar a aposta mútua a nível nacional e, no inicio, a trazer anualmente a Portugal as necessárias centenas de cavalos para correr, se lhes for dada a concessão da exploração dos hipódromos durante determinado período e se forem devidamente retribuídas com uma percentagem sobre as apostas.
Como se depreende do que antecede, é incontestável que as corridas de cavalos com aposta dentro e fora do hipódromo contribuem activamente para o desenvolvimento da economia, criam muitos empregos nas mais variadas categorias de trabalhadores, favorecem o sector agrícola, oferecem distracção sã aos cidadãos sem prejudicar o meio ambiente, enfim proporcionam riqueza e contribuem para o prestígio de um País.
Mas então como entender que em Portugal o assunto não seja tratado como uma prioridade? E como julgar a morosidade e a falta de poder de decisão dos responsáveis?
Texto de:
Manuel H. Domingues-Heleno
www.coudelaria-mh.com
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As Apostas e as Corridas de Cavalos!
Publicada por
Cavalos e Corridas
on terça-feira, 23 de junho de 2009
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